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Biografia - Vianna, Klauss (1928 - 1992)


Klauss Ribeiro Vianna (Belo Horizonte MG 1928 - São Paulo SP 1992). Preparador corporal. Introdutor de um método próprio voltado para a corporalidade expressiva de atores e bailarinos. Klauss Vianna assina a expressão corporal de Roda Viva, de Chico Buarque, 1968; O Arquiteto e o Imperador da Assíria, de Fernando Arrabal, 1970; e Hoje É Dia de Rock, de José Vicente, 1971.

Formado no balé clássico, Klauss Vianna começa a dançar aos 15 anos e, no início da década de 50, freqüenta curso da bailarina russa Maria Olenewa. Funda, em Belo Horizonte, com Angel Vianna, com quem vive durante 25 anos, o Balé Klauss Vianna. Passa dois anos em Salvador, onde, a convite da Reitoria da Universidade Federal da Bahia, funda o departamento de dança clássica da Escola de Dança. É convidado a lecionar na Escola de Dança do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e começa a desenvolver uma pesquisa com atores.

Trabalha em torno do princípio de que toda pessoa traz dentro de si a sua dança, e o professor funciona como aquele que deve trazê-la à luz. Para isso, é preciso que se chegue a uma grande soltura física, obtida por meio da profunda consciência do próprio corpo - músculos, articulações, ossos - sem o que o ator não faz mais do que reproduzir formas existentes. Codifica tais princípios em exercícios e começa a experimentá-los como base da criação do ator em A Ópera dos Três Vinténs, de Bertolt Brecht, direção de José Renato, 1967, que inaugura a Sala Cecília Meireles.

O trabalho em O Arquiteto e o Imperador da Assíria, de Fernando Arrabal, direção de Ivan de Albuquerque, pelo Teatro Ipanema, 1970, lhe confere o Prêmio da Associação Paulista de Críticos Teatrais - APCT, e a seguinte apreciação do crítico Yan Michalski: "Sem o preparo atlético que receberam de Klauss Vianna, eles [os atores] dificilmente agüentariam as três horas de terrível desgaste de energia; e o uso expressivo que eles fazem de seus corpos é talvez o melhor que eu tenha visto no teatro brasileiro. A virtuosística cena de mímica com os pés, sensacionalmente marcada por Klauss Vianna, foi merecidamente aplaudida em cena aberta na sessão especial para a imprensa".1

Trabalha como ator no espetáculo de José Wilker, Trágico Acidente Destronou Tereza, 1968; e no fenômeno do Teatro Ipanema, o espetáculo Hoje É Dia de Rock, no qual assina também a expressão corporal do espetáculo, ganhando o Prêmio Molière, em 1971.

Assume, ainda na década de 1970, a direção da Escola de Teatro Martins Pena, integrando alunos e professores em uma "escola aberta". Em 1977, encena O Exercício, de Lewis John Carlino, recebendo o Troféu Mambembe de melhor direção. É o diretor do Instituto Estadual das Escolas de Arte do Rio de Janeiro, Inearte, de 1978 a 1980. A partir de 1981, transfere-se para São Paulo, onde dirige a Escola Municipal de Bailado e torna-se membro do Conselho Estadual de Dança da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, em 1982.

Seu método é registrado em 1990, com anotações de quarenta anos de trabalho, em colaboração com Marco Antônio de Carvalho, a partir de bolsa concedida pela Fundação Vitae. Imagens e conceitos sobre seu método encontram-se, também, no vídeo produzido pela Secretaria Municipal de Cultura, Memória Presente: Klauss Vianna, 1992.

Funda em 1992, juntamente com Rainer Vianna, seu filho, e Neide Neves, esposa dele, a Escola Klauss Vianna, que encerra suas atividades após a morte de Rainer, em 1995.

É pelas mãos de Klauss Vianna que os bailarinos brasileiros começam a abandonar as sapatilhas e a usar o corpo como instrumento de criação pessoal. Seu trabalho no Teatro Ipanema permite ao grupo aprofundar sua proposta não realista e definir, na linha de interpretação, o teatro ritualístico que caracteriza as montagens mais importantes da equipe. No Rio de Janeiro, a Escola Angel Vianna continua a difundir seu método na formação profissional de bailarinos, atores, coreógrafos e terapeutas corporais, escola que se torna curso superior em 2001.

Sobre a trajetória e importância de Klauss para o teatro, escreve o crítico Macksen Luiz: "Klauss Vianna, marido e colaborador de Angel Vianna em suas pesquisas do movimento, não foi apenas um parceiro na permanente investigação do corpo como fonte expressiva, mas também como elemento dramático capaz de recolocar o ator em cena idéia de consciência corporal. (...) Esse mineiro foi um pioneiro na transposição da dança (movimento corporal) para a dramática da cena (a palavra na raiz do movimento), e de certa maneira mostrou que o teatro poderia dançar, soltar a voz junto com a sinuosidade do movimento".

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